Quando, há três anos atrás, me lancei nesta grande aventura de ter Maine Coons, estava longe de imaginar o que isso ia mudar os meus interesses e até, em certa medida, a minha vida. Criar, como hobby, era ter um casal de gatos que teriam, pelas leis da Natureza, gatinhos. As gatas sendo boas mães não iriam precisar dos meus serviços e eu proporcionaria comida, carinho e conforto. Estava feito!
Deveria escolher então as cores. Comecei por gostar dos mais típicos, os brown/black blotched tabby, sendo o castanho e o preto, obviamente as cores, o tabby era o padrão (por oposição aos sólidos que não têm marcas) e o blotched o tipo de padrão (por oposição ao mackerel/tigrado) e assim encomendei e esperei ansiosamente, meses, pelo primeiro casal, depois de procurar na net os de que mais gostava pelas fotos que via todos os dias.
Pouco depois achei que não poderia passar sem uma gata vermelha/red (aquele alaranjado intenso), sem saber que são raras e que não ia ser tarefa fácil, porque ambos os pais têm que ter a mesma cor. E foi justamente ao procurar essa pérola rara, que contactei uma criadora inglesa, a quem não cheguei a comprar gato algum, por falta da cor pretendida, que me perguntou:
- Você sabe que gatos está a comprar? Sabe que algumas linhas de exposição têm mais doenças que outras? E sobre os pedigrees e a genética, tem informação? Conhece algum criador, mesmo de outra raça, que a possa ajudar em geral e nos partos?
A todas estas perguntas a minha resposta era lamentavelmente, não!
Mas, pela primeira vez, alguém se preocupava. Essa senhora não deu opiniões, não disse mal dos colegas, alertou. Sugeriu-me que contactasse outras criadoras que me poderiam dar alguma orientação, palavra de que não gosto muito, mas que se revelou providencial.
Lancei-me na Amazon em busca de informação e encomendei uma molhada de livros, sobre a raça e sobre criação e genética. Passei a dedicar algum tempo ao Pawpeds, uma base de dados sobre pedigrees, que tem imensos artigos sobre estes temas. E contactei mais criadores.
Surgiram então as grandes clivagens, os partidários das linhas de exposição opõem-se ferozmente aos de linhas outcross e foundation, a pretexto de que os gatos não correspondem ao estalão, não são tão "tipados", gatos de rua, chegam a dizer. Os outros criticam o excesso de endogamia (inbreeding) e o silêncio, a que o ambiente das exposições e a vontade de ganhar votou a questão mais importante, a saúde dos gatos.
Ao falar com uns e com outros e alguns contactos também no mundo dos cães, cheguei à conclusão que a questão não tem a ver com Maine Coons. O equilíbrio do triângulo, saúde, temperamento, beleza, é crítico em várias raças, sejam de gatos ou de cães e certamente de outros animais também.
Mas era tempo de receber a Carlota, de Espanha e o Grande Catsby da Alemanha. As viagens de avião correram bem e eu tinha finalmente Maine Coons ao vivo, para apreciar e acarinhar.
2 comentários:
Por vezes é fácil pensar que a criação é algo simples, mas essa parece ser uma ideia enganosa. Tenho apenas gatos de companhia, não faço criação, mas tenho acompanhado já desde há algum as experiências de vários criadores e não aparenta ser nada simples. Estou a gostar de conhecer esta história :)
È uma raça explendida!
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