Comecei as difíceis negociações para a compra da Choice. Ainda não estavam concluídas, já de Espanha me perguntavam porque queria eu comprar "gatos de rua" em vez de linhas "controladas" de exposição. Ora, nem os gatos "foundation" são de rua, nem as linhas de exposição estão controladas. Mas adiante...ou seja, para se saber em Espanha, que eu pretendia uma gata alemã, o que teria acontecido? Simplesmente a criadora alemã tinha ido tirar informações minhas. Engraçado não é? Agora avanço logo com as referências, que nem sempre podem ser as mesmas, tendo em conta as várias facções.
Eu tinha, por fim, fotos da minha rara gatinha vermelha,esta com cinco meses. Só faltava ir buscá-la. A criadora vivia numa zona da Alemanha ao lado da fronteira com a Republica Checa, longe de qualquer aeroporto alemão. Resolvi aproveitar uma viagem de turismo a Praga, alugar um carro, e após umas horas de viagem, lá andava eu, na Floresta da Boémia, ao cair do dia, à procura da vila pretendida, da casa e dum WW cinzento por baixo da janela duma cozinha. Eram mais ou menos as referências, não muito fáceis, numa zona onde não há uma alma que fale inglês e o meu alemão enferrujado desde o liceu. Ainda cheguei a tempo de sofrer um escrutínio severo à roda de uma chávena de chá, mas fui aprovada. A Choice era pequenota, tinha uma magnífica pelagem alperce maduro e pareceu-me um pouco tímida. Veio comigo de volta e tornou-se a número dois, doce mas fugidia, precisando de muita paciência para se sentir confiante.
A sua primeira ninhada foi um incontável desastre, com uma única sobrevivente em cinco, a Nina, pequenina também, e uma agitação de dois dias. Da segunda, ficámos com o Phil, único, de novo em cinco, e, depois de vinte e quatro horas de interrupção no trabalho de parto, quando ainda faltava um, optei pela cesariana e pela esterilização simultânea, já que não valia a pena insistir. A Choice com o seu fantástico pedigree de quatro gerações de gatos testados não era feita para a maternidade.
No fim desta intervenção, comum para os veterinários, uma paragem respiratória, inesperadamente, levou-a, apanhando-me desprevenida e fazendo-me duvidar da continuação desta actividade. A sua criadora também ficou inconsolável. Do filhote já sabem a história, contamos com ele este ano, e com a boa vontade da sua dona, para dar continuidade à linhagem da mãe. E pode ser que eu ainda venha a ter uma nova gatinha vermelha.
3 comentários:
Episódios maravilhosos... Recheados de uma coragem incrível e uma força infindável para conseguir superar todas as difículdades. Tem sido tudo tão dificil... Mas a enorme paixão pela raça vence tudo! PARABÉNS...
Obrigada...gentileza vossa...
E como se parecem a mãe e o filhote... se não o conhecessemos bem diriamos que se tratavam do mesmo... é uma história com um fim triste mas encantadora... não terá sido ao acaso que lhe chamaram Choise. Estamos certas que o melguinha vos poderá dar algo mais da sua mãe e quem sabe... uma vermelhinha meiguinha como só ele... Bjs
Ana e São
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